quinta-feira, 16 de junho de 2011

Um Biólogo no palheiro: Uma homenagem a Stephen Jay Gould














 Aos cinco anos de idade, um garoto chamado Stephen Jay Gould visitou o Museu de História Natural de NY. Ao ver o esqueleto de um Tiranossauro Rex, decidiu que seria paleontólogo. 


Deu certo: além de paleontólogo, Gould foi historiador da Ciência, escritor e professor da Universidade de Harvard, sendo referência para pesquisadores e estudantes das áreas biológicas e afins. Este, falecido em Nova York, em 20 de maio de 2002, vítima de câncer, escreveu diversos livros, artigos e ensaios abordando a evolução biológica, sendo considerado o maior divulgador científico de sua época. 
Gould acreditava que a seleção natural não consiste na única causa da evolução. Para ele, o acaso era um fator mais substancial, opinião bastante polêmica aos olhares do mundo científico. 


Ele é um dos autores da tese do equilíbrio pontuado, que defende que a evolução não se dá de forma lenta e gradual, e sim em determinados momentos, com bastante rapidez. Após este período haveria, assim, um momento de estabilização destas, por muitos séculos (estase) até ocorrerem novas mudanças, estas geralmente causadas por desastres naturais. 


Assim, a quase ausência de formas de transição nos registros fósseis seria um argumento a favor desta teoria que, para Gould, a seleção natural não contemplaria. 


Stephen utiliza algumas metáforas para elucidar a casualidade destes eventos relacionados à especiação, como a de que a evolução é igual a um filme que, a cada vez que fosse rebobinado e reiniciado, teria um novo final. Assim, seguindo esta linha, em um sentido mais amplo, caso existisse vida em outros planetas ou sistemas, seria bastante improvável que fossem semelhantes às formas viventes que temos em nosso planeta. 


Gould escrevia de forma ousada, mas ao mesmo tempo simples. Começando por assuntos simples ou cotidianos, ele conseguia de forma descontraída e bem embasada transmitir suas mensagens a seus leitores. Estas, bastante originais, na maioria das vezes são controversas ao que o senso comum e a própria classe científica acreditam. Foi ele quem criou a idéia dos magistérios não-interferentes (MNI), uma proposta de respeito mútuo entre ciência e religião, já que, para ele, ambos são importantes para a vida humana, mas não podem ser unificados ou sintetizados. 


Assim, os não-biólogos vêem-no como um forte defensor da evolução, enquanto que para alguns biólogos evolucionistas mais extremos, suas idéias são confusas, mas não devem ser desprezadas, já que são fortes argumentos contra o criacionismo. 


Em um de seus últimos livros, Gould utiliza sua própria doença para exemplificar a estatística e como ela o ajudou a acreditar que poderia sobreviver mais do que os 8 meses que lhe foram atribuídos pelos médicos. Mais uma vez, seus planos deram certo: após 20 anos adoecido, este notável paleontólogo faleceu em casa, entre seus fósseis, livros e familiares. 


Alguns de seus livros: 


• Darwin e os grandes enigmas da vida 
• Lance de dados 
• Pilares do tempo 
• A herança da liberdade 
• O polegar do panda 
• O sorriso do flamingo 
• Full House 
• A vida é maravilhosa 
• A feira dos dinossáurios 
• Quando as galinhas tiverem dentes 
• O fascínio do millennium 
• Os oito porquinhos 
• A falsa medida do homem 
• A montanha de bivalves de Leonardo e a dieta de Worms 
• Um ouriço na tempestade

Por Mariana Araguaia

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